EXECUTIVOS
DE CONTA DA GERAÇÃO Z
Por
Admir Borges*
Outro dia me perguntaram sobre o que acho a respeito
do futuro do trabalho de atendimento publicitário e, mais especificamente, essa
atividade desempenhada por profissionais da Geração Z. Confesso que essa
questão foi motivo para uma reflexão insólita. Evidentemente, não cheguei a um
texto conclusivo, mas consegui dar o passo inicial para pensar e escrever mais
a respeito. Em primeiro momento, penso que o mercado publicitário, em processo
de efervescência plena, precisa começar a se preparar para receber a nova
geração que irá comandá-lo nos próximos anos. A chamada Geração Z, nascida a
partir de meados dos anos de 1990, é ainda uma incógnita para os gestores que
se quer conseguiram entender a geração imediatamente anterior: os Y’s. Os contornos do cenário atual são preocupantes no que tange às
incongruências entre uma oferta escassa de jovens vocacionados para o
atendimento e consultoria e os desafios dos diretores das agências na
contratação e manutenção de bons profissionais. Desafio que ganha ainda outras
dimensões quando deparamos com o perfil dos novos publicitários, como a tarefa
de saber a forma de liderar essa geração e conduzi-la corretamente em suas
expectativas e anseios profissionais. Porem, eles já apresentam alguns
diferenciais: intimidade tecnológica, autoconfiança, agilidade, objetividade, criticidade,
questionamento, ambição, preocupação com qualidade de vida, capacidade para
multitarefa e aprendizagem intuitiva. O senso de imediatismo é uma das características
mais marcantes nessa Geração Z. Eles não pensam em permanecer em uma
determinada empresa por muito tempo e querem resultados instantâneos em suas
carreiras.É possível supor
que os Z’s empreenderão um novo ritmo no mercado, pois, diferentemente das
gerações anteriores, eles buscam referências completamente inovadoras e
aspirações que condizem com uma nova dinâmica empresarial, em que o processo
hierárquico cede lugar à horizontalização das relações, ao empreendedorismo, ao
ambiente colaborativo, ao engajamento e a ausência de controles rígidos. Uma
contribuição forte dos Z’s para o trabalho publicitário será a intensificação
do processo colaborativo, o compartilhamento aberto e a solução de problemas a
partir do senso comum, valorizando as ideias resultantes do coletivo como
determinante essencial para as respostas inovadoras. O horário de trabalho
fixo tenderá a desaparecer, substituído por um foco na obtenção de resultados,
independentemente de como o tempo é gerido. No entanto, mesmo
antes da realidade do trabalho dentro de uma agência, muitos desses futuros
profissionais se deparam com os desafios da sala de aula, onde as metodologias
tradicionais não estimulam o aprendizado e a preparação para o início de
carreira. É preocupante esse hiato entre a expectativa e a realidade da
formação. Certamente, e com propriedade, os Z’s vão remover barreiras, e os
limites serão debelados. Algumas agências já
estão mais bem preparadas para oferecer um contexto adequado, em que se dá
responsabilidade junto a projetos e desafios, liberdade de criação, horários
flexíveis, redução de fronteiras entre trabalho e entretenimento, gestão
participativa e colaborativa, engajamento e motivação. Para maior realismo,
eles, os Z’s, serão os protagonistas
nessa construção. Assim, com seu senso de imediatismo, serão capazes de encontrar maneiras de
explorar o momento, ao invés de adiar o futuro, como as gerações anteriores
costumavam fazer. Esta é uma geração
que vai remodelar a forma de como as agências trabalham.
*Admir Borges é autor
do livro “Executivo de Contas Publicitárias: de contato a consultor de
comunicação”
https://agbook.com.br/book/144210--Executivo_de_Contas_Publicitarias